A ESCOLA PÚBLICA NEOLIBERAL: DESTERRITORIALIZAÇÃO DOCENTE E A TERRITORIALIZAÇÃO DO CAPITAL, O CENÁRIO TERATOLÓGICO DA REDE MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO/RJ
Resumo
A rede pública escolar do município do Rio de Janeiro apresentou no ano de 2014 o total de 1673 unidades escolares e o número de 664 384 estudantes. Sendo a maior rede de educação do Brasil. A partir do ano de 2009 temos a entrada do Prefeito Eduardo Paes no cargo central do Executivo municipal. Esse prefeito operou um grande conjunto de medidas que visavam desenvolver uma miríade de reformas na rede de caráter neoliberal/privatizante. Essas em grande medida se destacaram pelo direcionamento de dinheiro público para “institutos sem fins lucrativos”, passando de cerca de 500 mil reais em 2009 para o total de repasses de quase 70 milhões de reais em 2012 para esse tipo de grupo,
perfazendo mais de 14 mil por cento de aumento de repasses no período.
Essas reformas são divididas em três tipos centrais de intervenções: a)
Medidas desenvolvidas em todas as escolas, tais como turmas de realfabetização e aceleração. Nessa situação existiu um fracionamento do
trabalho docente, pois material didático e métodos pedagógicos passaram
a ser vendidos por grupos ligados a iniciativa privada. b) Medidas desenvolvidas em algumas escolas, como programas de horário integral e métodos diferenciados em escolas localizadas em zonas conflagradas da cidade. Essas ações aumentaram a desigualdade socioespacial de qualidade educacional na rede. c) Programas de formação continuada docente, que se qualificaram muito mais como dinâmicas de treinamento e doutrina do que ações de reflexão teórico-prática docente. Grande parte das medidas retratadas evidencia um movimento de desterritorialização da atividade educativa, onde retira-se a capacidade de criação da escala local construída por discentes e docentes, tornando essa mera reprodutora de técnicas pedagógicas erigidas em escalas mais abrangentes e produzidas por grupos ligados a grandes corporações. Essa
situação tende ainda a gerar uma fragmentação do trabalho docente pela
ótica da privatização, pois já não se articula apenas a venda do “produto
educação”, mas se comercializa a sua própria produção. Na medida em
que se permite um esvaziamento político-pedagógico da função docente,
para significa-la como ratificadora de procedimento pré-moldados por
grupos externos ao espaço escolar.
Palavras-chave: Neoliberalismo – Educação pública – Privatização –
Trabalho docente –Movimentos de greve
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